E aí o que acharam da minha fantasia de Halloween? Sedutora ou assustadora?!

De acordo com um estudo realizado em 2020, divulgado numa das revistas mais bem conceituadas, Nature Scientific Reports, nós temos apenas mais 37 anos até o colapso da humanidade. E tudo indica que essa situação já é praticamente irreversível.

Fui também a um evento no último fim de semana (“Utopias Possíveis” em Lisboa) na esperança de ouvir coisas que me deixassem mais felizinha. Entretanto, apesar dos esforços de alguns pequenos grupos, como as coisas estão caminhando, parece que em 2030 só teremos cumprido 15% das metas de sustentabilidade do Acordo de Paris (2015).

O capitalismo tem destruído centenas de florestas, os recursos naturais estão se esgotando, justamente por ser um sistema de acumulação infinito num mundo de recursos finitos (se quiser se aprofundar mais e entender melhor o que é o capitalismo, leia o livro O Capital do Marx).

Em ABRIL deste ano Portugal já tinha estourado o que poderia gastar de recursos até DEZEMBRO.

Quando penso no meu filho dá vontade de chorar… porque de acordo com essas previsões ele só chegará a uns 40 anos de idade e já num mundo em péssimas condições. Ou seja, um fim de vida compulsório.

Apesar da angústia, tenho um otimismo inquebrantável e tento pensar diariamente em formas de acabar com o capitalismo, contribuindo para a produção de autonomia, coletividade, cuidado mútuo e uma real liberdade (porque no capitalismo só os ricos tem liberdade né? Não são explorados para produzirem a riqueza que eles acumulam). Eu gosto muito do vídeo “corrida dos ratos”, acho que ilustra muito bem essa sistema em que vivemos.

Uma das situações que já pensei para começarmos esse processo foi: todas as pessoas empregadas por alguém pararem de trabalhar e fazerem greve, porque são a base de sustentação desse sistema. Se isso acontecer durante um tempo considerável, o capitalismo quebra. Entretanto para essas pessoas pararem de trabalhar precisariam receber suporte financeiro de outras pessoas e daí surge a importância da coletividade e a eliminação da competitividade.

É facto que aprendemos através da monogamia (como braço direito do capitalismo) a reter propriedade privada e bens. Aprendemos a não dividir o que temos, porque queremos ser “especiais” e “exclusivos”, tanto nas relações interpessoais como nas relações de trabalho. Aprendemos a pisar uns nos outros para alcançarmos um topo ilusório, desaprendemos a viver em comunidade para vivermos isolades em famílias nucleares.

Percebem que é um problema estrutural, que vai muito além das relações?
Pensar em que tipo de relação eu quero ter individualmente é muito pouco. Temos uma profundidade e complexidade muito maior e mais urgente para ser olhada. E enquanto não fizermos isso em conjunto, não sobreviveremos.

Desculpem se o meu tom pareceu muito fatalista, mas é o que está acontecendo. Não adianta nos alienarmos do todo. Essa é a realidade atual.

Se por acaso souberem de mais soluções pra acabarmos com o capitalismo, por favor, compartilhem comigo!

E não adianta só ter essa consciência, precisamos agir, criar coragem, mesmo que esse sistema tenha tirado o nosso poder e nos colocado num modus operandi de medo e escassez.

E se realmente a catástrofe é inevitável, como queremos passar esses últimos anos de existência? Como zombies ou como pessoas conscientes? Se tudo acabasse amanhã, você estaria feliz com a vida que leva? Se não, o que precisa fazer para mudar?

O capitalismo é mesmo sedutor… mas se não mudarmos a nossa percepção agora, produzindo ferramentas de resistência vamos ver o pior filme de terror que já existiu… e não será ficção.

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